18 abril 2008

AS CRIANÇAS NÃO ENTENDIAM AS MÚSICAS DE ODAIR JOSÉ E FERNANDO MENDES. ATUALMENTE, TODAS SENTEM AS MÚSICAS DO NXZERO


OS ÍDOLOS JOVENS DA MÚSICA ATUAL, TÊM CARA DE PLAYMOBYL, ASSIM COMO ODAIR JOSÉ E FERNANDO MENDES TINHAM NOS ANOS 70.
Nos começo dos anos 70, um ídolo da juventude brasileira declarou: “Estou cansado dessas musiquinhas, de usar maquiagem, de ter que esconder minha namorada do público, enfim, estou mudando”. Quem declarou foi Wanderley Cardoso, que até aquele exato momento ainda dispunha de atributos importantes para a carreira artística, tinha fama, beleza física e muito sucesso. O cantor alcançou popularidade ainda menino interpretando a “Canção do Jornaleiro”, durante a década de 60 foi mais fotografado, e perseguido, do que Sandy e Junior, Reynaldo Gianechini, Xuxa e Luiza Brunet juntos. Nada detinha o sucesso do moço no cinema, na música e na televisão, Wanderley era mesmo o broto em questão. Era muito comum para as gravadoras, tentar criar para seu artista, a imagem da juventude eterna. Foi assim com Cauby Peixoto, Sérgio Murilo e Agnaldo Rayol, os primeiros a conquistarem famas de galãs da juventude, até porque Vicente Celestino, Francisco Alves, Nelson Gonçalves e Orlando Silva, ainda jovens, mantinham posturas tradicionais demais, e o tempo era outro. Não importa se Cauby pagava cachês às fãs que desmaiavam aos seus pés, nossas avós queriam participar daquele fuzuê, nem que para isso tivessem que desmentir tudo cinco décadas depois. Agnaldo Rayol, este, era o protótipo da beleza, beirando a androgenia, o galã vendia saúde e frescor. Sergio Murilo, o “broto legal”, por ser o mais jovem dos ídolos, ainda sem Roberto Carlos, podia desdenhar ao folhear as revistas e encontrar seu rosto em vários ângulos, sem falar nos milhares de rapazes que se vestiam como ele para as conquistas. Quando Roberto Carlos entra em cena em 1965, botando pra ferver geral, fazendo no Brasil o que os Beatles faziam no mundo inteiro, o cenário troca os personagens, deixando os galãs comportadinhos para trás, e abrindo portas para um novo perfil de ídolos, todos envoltos em emoções diferentes.

VALE A PENA DIZER EU TE AMO NUMA CANÇÃO
Quando Roberto diz na canção aos que pretendem lhe conhecer, que somente dentro do seu carro, na estrada de Santos, isso pode acontecer, ele estava transmitindo uma postura nova e ousada para os padrão de comportamento da época. 1966, em “Eu Te Darei o Céu”, a canção repleta de emoções cantada por um jovem de vinte e poucos anos, marca para sempre o jeito direto de se fazer música. Depois disso, todos que pretendiam fazer canções que tocassem o público, seguiam a poesia romântica do novo “rei”. Seus contemporâneos, nem tanto, mas os que viriam cinco anos depois, abraçariam sem medo, as paixões sufocantes inseridas nas composições de Roberto e Erasmo Carlos. Odair José, Fernando Mendes e José Augusto dão conta de expandir o estilo nacionalmente. Regionalmente, Bartô Galeno cumpre a função, gerando dezenas de seguidores no Norte e Nordeste, criando celeuma com o toca-fita do seu carro.


CABELOS LONGOS, BATOM PARA REALÇAR E MUITA EMOÇÃO NO AR.
Imagem sexy, olhar triste, figurino colorido e músicas emocionantes. Se Roberto assumia na música que estava amando a namorada de um amigo (nada pode ser mais emo), Odair José, em 1973, foi mais ousado, comprando briga com a censura por causa da pílula, e fez mais: compôs uma linda canção numa ode à prostituta, deixando com inveja o experiente Dorival Caymi. Odair José permitiu-se ser criticado ao dizer numa música “Eu Queria Ser John Lennon” (ele e todos os jovens do mundo ocidental). O mineiro Fernando Mendes preferiu a reflexão e escolheu uma cadeirante para homenagear na música “Cadeira de Rodas”. Quantos não choraram contristados pela estória? Quantos inocentes deram seu primeiro gole na água ardente? Quantos deficientes se sentiram inclusos na sociedade (vide o tempo em que a música foi sucesso) moderninha? José Augusto, vestindo um modelito básico, cantou e encantou o Brasil com “De Que Vale ter Tudo na Vida”. José Augusto foi além com o grito “Eu Quero Apenas Carinho”. O Brasil já era EMO e não sabia.


Cachorro Grande, NXZero, Pato Fu, CPM 22 e muitas outras bandas que nasceram durante o reinado PLAYMOBYL, não sabem com profundidade que o que eles cantam hoje, Odair José e Fernando Mendes foram os precursores. Ditadura militar, perseguição cultural e paixão pelo romantismo, fizeram do início dos anos 70, o período mais promissor da melodia basicamente emocional. Eles não cantavam rock por convicção ideológica, mas fartamente ricos de emoção e sentimentos reprimidos, ou ainda fantasias irrealizáveis, governaram musicalmente o país com suas baladas românticas. Eram estilosos e verdadeiras celebridades. Estavam no rádio, no bar, na rua, no campo, na cama e nas capas de revistas. As gravadoras encaminhavam aos milhares de lares, fotos coloridas com seus ídolos estampados. Assim como Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, Fernando Mendes tinha um jeito pessoal de se apresentar em público. Fazia o estilo “cheguei ontem da roça, sou tímido, mas sou chique”. Odair José é fácil de ser identificado nas bandas que fazem sucesso atualmente porque ele sempre foi moderno, exótico e por quê não dizer estranho. Tinha uma cara de 2050, mas uma música que até os desprovidos de lares compreendiam, era de fato músico, nunca passava a idéia do machão (assim como Waldick e Lindomar), antes, deixava no ar, a imagem cândida de menino abandonado, resgatado pela crença na emoção que trazia dentro de si. Odair José é Cachorro Grande, é Pato Fu, é cultura popular, acima de qualquer rótulo, é artista com conhecimento próprio do que pode transmitir ao público. Fernando Mendes e Odair José são difíceis de se estudar, pois foram tão autênticos, que por não os compreenderem, os críticos _nada intelectualizados_ preferiram pular a história e encaixá-los na sala ao lado onde nada se discursa, debate ou informa. Ou seja, há uma parte da história que precisa ser estudada e só depois explicada, ela permanece inédita, e não é um cd tributo que vai explicar. Quer conhecer o universo sentimental que ponteava a cabeça de Odair e Fernando Mendes como compositores? Ouça as letras das bandas Cachorro Grande, NXZero e Pato Fu, você vai se interessar pelo que os precursores diziam nas canções românticas durante o período onde os universitários tinham cassetetes em riste, apontados na direção da cabeça, vai findar por entender que o país ainda é Odair José tanto quanto Fernando Mendes e NXZero, só que com outros valores acordados com o tempo,a emoção e, a inteligência criativa que se fazia bem mais presente nos anos 70.

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