23 março 2007

GRANDES VENDEDORES DE DISCOS DOS ANOS 70 E 80








UM VÔO APERTADO NOS DISQUINHOS COMPACTOS
Nos dias de hoje, comprar CD’S (originais por favor) ainda é uma maneira de se ouvir música e apreciar uma boa capa, mas segurar com as mãos uma capa de LP ou de um simples compacto, é incomparavelmente o melhor ângulo de se observar uma arte. Não importa se a capa em questão, é de um cantor famoso, importada ou de um singelo conto infantil. Em cada lançamento (no mercado) de discos, nos anos 70 e 80, era possível destacar trabalhos de artistas formidáveis que magnetizavam os olhares dos fãs com suas capas coloridas e fotografias artísticas. Fotógrafos renomados como Frederico Mendes (com centenas de trabalhos publicados no Brasil e no mundo), Ivan Klingen, João Castrioto, Magenta e outros nomes da fotografia, eternizaram seus trabalhos em capas memoráveis.
COMPACTOS, PORÉM ABRANGENTES E ETERNOS
Resolvi escrever sobre o COMPACTO, primeiro por gostar muito e segundo pelo muito que ele representou para as carreiras de inúmeros artistas. O compacto era o produto inicial que as gravadoras apresentavam para o público sobre determinado artista, antes de investir muita grana nos LP’s. Ele podia ser simples ou duplo. No simples o artista apresentava duas músicas, uma do lado A e outra do lado B, enquanto que no duplo, quatro músicas seriam divulgadas por intermédio das rádios, duas do lado A e mais duas do Lado B, ou face, como também era chamado cada lado do compacto. Tinha ainda o single, de baixo custo e com uma única música inserida nos dois lados do disco. Quando os compactos chegavam nas rádios, seguiam direto para as mãos do DJ, que tocava a música até perceber se o ouvinte estava gostando. Era comum uma música se destacar logo de início. A façanha independia do artista ser famoso ou apenas estreante, o que contava mesmo era o apelo popular. Se a música agradasse ao ouvinte de imediato, era dado como certo, a excelente vendagem e a prensagem do LP para os próximos meses subseqüente ao lançamento do compacto. Muitos compactos atingiam marca superior a 500 mil cópias vendidas e não era raro chegar a 1 milhão, como aconteceu com a atriz-cantora Elizângela (RCA). Ela lançou em 1978 o compacto simples com as músicas Pertinho de Você (H. Belardi) e Ele ou Você (Lígia Lane). Da segunda música, ninguém mais lembra, enquanto que Pertinho de Você ganhou as pistas das discotecas, caiu no gosto popular e agradou a Associação dos Produtores de Discos, que entregou para Elizângela o prêmio de vendagem do ano. No ano seguinte foi a vez de Kátia (CBS) fazer o país inteiro canta sua música Lembranças (Roberto e Erasmo Carlos). Desde então a cantora entrou para o rol das cantoras mais queridas do Brasil. Eu já nem me lembro quanto tempo faz / mas eu não te esqueço que te amei demais / e nem mesmo o tempo conseguiu fazer esquecer / você... o lado A venceu o B (Triste Demais – Kátia) e o país ganhou mais uma cantora romântica. Júlio César (RGE) também viu sua música Tu (versão da música Du. De Orlof e Kunze), de 1978, conquistar os ouvintes do país, principalmente do Norte e Nordeste. O compacto com as versões de duas músicas vendeu centenas de milhares de cópias. A balada romântica ficou na memória do povo que até hoje canta: Tu. Que sabes quanto eu te amei / Tu. Que sabes que chorei / Tu. Muito além longe daqui / Tu. Que existes para mim... Ângelo Maximo (BEVERLY), mesmo com a trajetória de sua carreira, iniciada nos tempos da Jovem Guarda, em 1976, ele desbancou muitos artistas em vendagens, com seu compacto duplo. Ângelo já era um galã adorado por milhões de mocinhas desde Domingo Feliz e mais uma vez ele se destacava dos demais artistas lançados naquele ano. O compacto de Ângelo Maximo com as músicas Vem me Fazer Feliz (Juliano Rivas e Ângelo Máximo), Nossos Defeitos (J. Oliveira e Kátia Maria), Vem Dançar Comigo (versão de Rossini Pinto) e Minhas Férias sem Você (Tony Damito). Ainda em 1976, outros dois artistas (citando apenas os ilustrados) desfilaram pelas paradas musicais do país com seus trabalhos. A famosíssima Vanusa (RCA) e o músico-cantor Franco (CONTINENTAL). Vanusa, grande vendedora de discos e muito querida do público, aproveitava o sucesso da novela Duas Vidas (TV Globo) para vender mais cópias do seu compacto simples. A música Paralelas (Belchior) estava inserida na trilha sonora da novela global e puxava as vendagens da cantora no mercado. Além da música do famoso compositor cearense, Vanusa gravou também Congênito (Luiz Melodia). Paralelas foi uma das músicas mais tocadas do ano, lhe rendendo prêmios e dinheiro. Quanto ao cantor Franco, talvez muita gente (com menos de 30 anos) não se lembre ou mesmo não conhece, mas ele é pai do trio KLB. O compacto duplo com as músicas Rock Enredo (São Beto – Voltaire), Copacabana (Luis Vagner – Tom Gomes), Maravilhoso é Sambar (Edil Pacheco – Jair Rodrigues) e Meu Idioma é Samba (Aloísio – Leon). O disco não teve vendagem estratosférica mas revelava mais um sambista na linha de Jorge Benjor. Diana (POLYDOR), na época grande vendedora de discos, gravou em 1975 o compacto duplo intitulado Você Prometeu Voltar... estourou nas rádios e em vendagens. Assim como o disco de Elizângela, que arrebentou em 78, o disco de Diana também superou em vendagens, todos os seus colegas naquele ano, pondo na estante da sua casa mais um troféu, o da Associação dos Produtores de Discos. As músicas Esta Noite a Minha Vida Vai Mudar (Diana e Odair José), Você Prometeu Voltar (Diana), Foi Tudo Culpa do Amor (Diana e Odair José) e Jambalaya (versão de Joper), tocaram nas rádios do país inteiro, confirmando o talento para cantar e vender discos. Hyldon (POLYDOR) é outro cantor que destacou em 1975. O compacto duplo com as músicas Na Sombra de Uma Árvore (Hyldon) As Dores do Mundo (Hyldon) Na rua, na chuva, na fazenda (Hyldon) conhecida como Casinha de Sapê e Sábado e Domingo (Hyldon – Neném) levou o artista ao estrelato. Suas músicas bem arranjadas e com letras bem escritas, tocam até hoje e fazem dele um dos grandes compositores do Brasil. 1971 foi o ano em que a diva Claudia Barroso (CONTINENTAL) esbanjou sucesso. Das quatro musicas incluídas no compacto duplo, todas atingiram o primeiro lugar na parada musical. Quem Mandou Você Errar (Claudia Barroso), Resposta da Carta (Dominguinhos – Anastácia), Você Mudou Demais (Waldik Soriano – Dik Junior) e Quem Foi Você (Waldik Soriano) caíram no gosto do povo e fez o disco ser campeão em vendas. Claudia Barroso sempre vendeu muitos discos, mas o compacto de 1971 foi um marco na carreira da artista mais comentada na década de 70. 1971 também foi o ano em que a Rede Globo pôs todo mundo para cantar a música Um Novo Tempo (Marcos Valle- Nelson Motta – Paulo Sérgio Valle).
OS DEZ ÚLTIMOS ANOS NA COMPANHIA DO DOCE COMPACTO
Fazendo nossa vida mais alegre com os trabalhos marcantes da nova geração (década de 80), os disquinhos compactos deixaram recordações e lembranças eternas. Hoje eles são verdadeiras relíquias na nossa estante, ocupando lugar de destaque (como já foi durante décadas). Os compactos são autênticas testemunhas de um tempo. Alguns destaques dos anos 80 (cito os ilustrados).
Marcos Roberto (COPACABANA) 1980. Sucesso com a música Última Carta (Marcos Roberto e Vicente Dias)
Lílian (RCA) 1980. O Brasil inteiro cantou Vai Voltar (Alessandro – Livi)
Biafra (CBS) 1981. Sucesso com a antológica música Leão Ferido (Dalto – Biafra)
Júlia Graciela (POLYDOR) 1981. Cantando a música Castelhana (Gabino – J. Graciela)
Marcelo (EMI – ODEON) 1981. Estourado no Brasil de ponta aponta com Abre Coração (Marcelo e Jim Capaldi)
Gilliard (RGE) 1982. Maltratando os corações apaixonados com Não Diga Nada (Leonardo)
Rosemary (RCA) 1982. Poucos esqueceram da música Jóia (Roberto e Erasmo Carlos)
Wagner Montes (COPACABANA) 1982. Iniciando como cantor com a música Me Use, Abuse (W. Montes – Neil Bernardes – Moskemberg)
Miss Lene (FERMATA) 1983. Recomeçando com a música Dance (Samaria – Bana)
Marcio Greyck (RCA) 1983. Fenômeno de execução nas rádios de todo o Brasil com a música Reencontro (Nenéo – Ivan Reis)

NILTON CÉSAR

Galã nos anos 60, ele iniciou sua carreira imitando Orlando Dias e passou pelos anos 70 emplacando vários sucessos.
Mineiro de Ituiutaba, nascido em 1940, o cantor é filho de fazendeiros e como tal, se empenhou nos estudos para ser contador e assim administrar os negócios da família, mas ao fixar residência para estudar no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, mudou de idéia. Corria o ano de 1960, quando estava dando seus primeiros passos como calouro, apresentando-se em programas da TV-Rio, imitando o astro Orlando Dias. O desempenho do calouro despertou interesse dos telespectadores e dos produtores da tevê, que lhe premiavam constantemente com abajur, canetas, ferro elétrico, torradeira etc. foram tantos que Nilton precisou alugar carros por diversas vezes para transportá-los até sua casa (no Rio).
Em São Paulo, o futuro do cantor estava atrelado ao de outro grande ídolo na época, Moacir Franco. Moacir tinha uma tia que era casada com um tio de Nilton e uma carta que o rapaz trazia com recomendações do tio dirigidas a Moacir Franco, serviu-lhe como chave para entrar no mundo artístico. Por intermédio de Moacir conheceu o acordeonista Carlinhos Maffazzoli, que gostou do estilo de Nilton e o apresentou ao diretor artístico da gravadora RGE. Contratado pelo maestro Pocho (Ruben Perez), gravou dois discos de 78 rotações, não foi um estouro fenomenal, mas repercutiu o bastante, despertando o interesse de Palmeira, diretor artístico da Continental Discos, para convidar o cantor a ingressar na gravadora, gravando a guarânia “Choro Por Gostar de Alguém”, com esta música conquistou o sucesso, partindo para o primeiro LP, que levava o nome do artista. O disco agradou ao público e principalmente a gravadora, que levou Nilton aos estúdios para gravar mais um LP, intitulado de “Música e Amor”. O êxito foi total, a música “Casa Vazia” caiu no gosto popular, fazendo o nome do cantor ser conhecido no Brasil. O cantor estava por cima, alcançara a fama e seu objetivo. As oportunidades decorrentes do sucesso não paravam, Palmeira o convidou para gravar mais um LP (Nilton César Com Alma e Coração), disco decisivo na carreira do cantor. Do disco faz parte a antológica “Professor Apaixonado”, música que levou o artista a se apresentar em todo o território nacional. Professor Apaixonado consta dentre as músicas mais tocadas do ano de 65 e durante um bom tempo (talvez até hoje), o cantor ficou conhecido como o professor apaixonado.
Em 1969, uma nova etapa na carreira do cantor, as rádios tocavam incessantemente a canção “Férias na Índia”, a música foi sucesso total, vendeu mais de 500 mil cópias, lhe dando discos de ouro e outros prêmios, projetando Nilton César de vez como intérprete romântico. Era comum para Nilton, fazer aparições semanais na tevê, cantando suas músicas ou participando como celebridade. A boa imagem de galã, arrebatava os corações das fãs que cresciam em quantidade cada vez mais. Portanto, para o cantor, entrar na década de 70 com uma música estourada nas rádios e grudada no coração do povo, era sinal de boa trajetória. E foi. O cantor consagrado pelo sucesso da música Férias na Índia, passou pela década de 70 desfilando com músicas que o Brasil cantava junto. Em 1973, a música “Amor... Amor... Amor...” do LP (RCA) com o mesmo nome, fez muitos casais de namorados se casarem, para juntinhos ouvirem o LP do cantor com as músicas Felicidade, Topo Tudo, Te Quero Neste Entardecer, Esta É Primeira Vez, Quem Ama Sabe, Hoje Mais Que Ontem, Muito Eu Chorei e outras músicas.
Apesar de ainda não ter conhecido a Índia, o cantor é grato ao país pelo muito que conquistou decorrente do estrondoso sucesso. Atualmente Nilton faz muitos shows no exterior, se apresentando para brasileiros que moram em outros países. Quando a poeira da fama abaixou, Nilton construiu sua família e montou um negócio, é bem sucedido como empresário e mesmo viajando muito, divide com os dois filhos, a administração dos negócios.
Nilton César quando jovem dedicou-se ao esporte, em especial ao basquete (ele tem 1m70 de altura) e o voleibol, modalidade pela qual defendeu o colégio Marechal Deodoro.

PERLA. A OPERÁRIA DA CANÇÃO

Ela já vendeu mais de 10 milhões de discos, o que faz dela uma das maiores cantoras do Brasil. Ao longo de mais de três décadas de carreira, coleciona em sua casa 10 discos de ouro, 2 de platina, 1 disco de platina duplo. A comprovação do imenso sucesso como intérprete está na proeza de constar por 5 vezes em primeiro lugar na Bilboard Latina. Paraguaia de nascimento, Perla é famosa no Brasil pela lista de músicas que encantou o público brasileiro. A cantora que já dividiu o palco com o Poetinha Vinicius de Moraes, não hesitou em subir outras vezes com nomes consagrados como Elizeth Cardoso, Cauby Peixoto, Roberto Carlos, Tom Jobim, Paulinho da Viola e outros.
Perla foi muito mais além do que planejou _quando criança_ para sua carreira. Ainda menina, ao lado do pai e dos irmãos, fez parte do grupo Las Maravilhas Del Paragauy. Em 1971, o grupo fez uma apresentação no Rio de Janeiro, ano também, em que a cantora separou-se do grupo, para iniciar carreira solo e fazer dela, a mais marcante intérprete feminina dos anos 70.
Sua voz afinada ganhou elogios da crítica, em especial, do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, admirador da cantora que comparou a voz de Perla com as vozes de cantores internacionalmente famosas como Ima Sumak, Edith Piaf e Ema Sak. O impacto que sua respeitada voz causou no mercado fonográfico repercutiu nas vendagens de discos e nos inúmeros fãs-clubes espalhados pelo país. Perla se transformou na cantora mais pedida pelos ouvintes das rádios brasileiras.
São mais de 50 discos gravados no Brasil e no exterior. Apresentações que marcaram a carreira e a vida da cantora paraguaia mais famosa do Brasil. Fez apresentações especiais para o Príncipe Charles, Rainha Elizabeth, Charles De Gaulle, Príncipe Phllipe, presidente do Paragaui e outras autoridades do seu país de origem.
A marca da cantora, além da voz, são os cabelos negros e longos, marca que levou muitas mulheres a cultivarem os cabelos longos. Entre os maiores sucessos da carreira de Perla estão as músicas Índia, Recuerdos de Ypacarai, Fernando, Pequenina (Chiquitita), Rios da Babilônia, Estrada do Sol, A Saudade entre outras tantas. Nos anos 70, seus discos gravados pela RCA revelam uma produção esmerada, com profissionais da mais alta “ordem do dia”, tanto pela direção musical como pela regência do maestro Daniel Salinas, que acompanhou a cantora em muitos trabalhos musicais.
Perla mora numa confortável casa em São Paulo, cultiva plantas e come legumes da sua própria horta. Depois de se ausentar da carreira por interdição do marido (hoje falecido), Perla retomou à carreira e continua se apresentando pelo Brasil, fazendo apresentações para seu público que nunca a esqueceu. (na foto acima, a cantora aparece com um dos seus padrinhos na televisão o Chacrinha, no início da década de 70).

20 março 2007

RONALDO ADRIANO

O ESQUECIDO AUTOR DE COMPOSIÇÕES FAMOSAS

Ronaldo Adriano é um nome muito importante no cenário da música popular brasileira. Seu trabalho musical mais conhecido e mais tocado no pais e com mais de 50 regravações é DOIDA DEMAIS. Composição sua em parceria com Lindomar Castilho. Grandes sucessos da carreira de Lindomar Castilho revelam a criatividade musical do compositor Ronaldo Adriano. O cantor continua na ativa, fazendo shows pelo país. Recentemente gravou sua participação num DVD em Fortaleza ao lado de grandes intérpretes da música popular. Para quem não lembra da música "Doida Demais", ela é aquela da abertura do seriado OS NORMAIS, da Rede Globo. Lembrou? Ronaldo Adriano, nos anos 70, foi também, um dos maiores vendedores de discos no Brasil.

16 março 2007

UMA VOZ PELO OPRIMIDO

FERNANDO MENDES
O CANTOR PRECURSSOR DA LUTA PELA INCLUSÃO SOCIAL DOS MENOS FAVORECIDOS

Você já parou para ouvir a obra de Fernando Mendes? Ou você é daqueles que dizem não gostar sem pelo menos se permitir conhecer? Lamento muito se o leitor não ouviu _no mínimo_ a obra dos anos 70. A música de Fernando era muito mais que música, era uma crônica social, assim como faz hoje o jovem jornalista Thiago de Góes (que vale a pena conhecer ou procurar conhecer a obra literária do jornalista http://contosbregas.zip.net/ ) Fernando nasceu para o mundo da música causando rebuliço no mercado fonográfico, e não era pela beleza, mas pela qualidade das suas letras mergulhadas na realidade brasileira. Ele cantou sobre a empregada, a deficiente, a suburbana, o sequestrado, o pobre e assim foi fazendo sua história como um representante do povo brasileiro na música popular. Fernando vendeu muitos milhões de discos, mas seu maior compromisso foi com a letra poética e a crônica social musicada. Conheça a obra do artista mais popular dos anos 70. http://www.fernandomendes.com/

ANTONIO MARCOS


UM POETA QUE SOUBE FALAR DE SOLIDÃO E DE FÉ
Quando um artista se revela pelo avesso, ele abre mão da defesa que protege sua própria vida. Antonio Marcos foi um artista que não pensou no futuro, apesar de suas composições atemporais, viveu cada minuto como se fosse o tempo que lhe restava. Escreveu poemas lindos para alegrar almas rotas, bebeu além da conta pondo no copo o mar sombrio, amou como quem não queria separar-se, mas morreu como quem não sabia se amar.
A obra de Antonio Marcos leva o ouvinte para o mundo particular do artista. Ensina como não tropeçar no orgulho e não temer a ousadia. Ouvir uma canção de Antonio Marcos, sem se importar com o título, é aceitar compreender a alma angustiada (camuflada no início) de um compositor. Também serve para entender a nascente que banhava a MPB (popular de verdade) das multidões.
Antonio Marcos faz falta como poeta, músico e compositor. A foto que ilustra o texto faz parate da capa do LP de 1971.

UM CHEIRO "BREGA" NO AR


Todo mundo tem saudade de alguma coisa. Uns tem saudades de quando ia para a casa do vovô, outros, de quando estudavam naquela escola. No entanto, dizem outros, que saudade só tem quem vive de passado. Mas posso garantir que um dia o leite de rosas cruzou o seu caminho. Está lembrando agora? Pois bem, é ele de novo chegando para reforçar o time da saudade. Do tempo em que você ouvia sem querer, o Odair José, o Benito, o Roberto Carlos e a Rosemary. Eles não usavam, mas o cheiro fazia parte do tempo em que eles dominavam as paradas do sucesso.

PANORAMA POPULAR DA MÚSICA BRASILEIRA

Perla Vanusa /73
Carmen Silva/67 Sidney Magal/77

Maria Alcina Aérton Perlingeiro e Orlando Silva


Um retrato pop do Brasil
Do início dos anos 70 até 1989.

Com grande festa e presença maciça de personalidades marcantes dos alucinantes anos setenta.

Para comemorar o lançamento deste Blog, foram convidadas 150 personalidades para uma grande festa, mas nem todas compareceram (porque a festa nunca existiu), obviamente, muitas delas estavam atuando nos teatros, recebendo prêmios em festivais, em lua-de-mel e, só depois fiquei sabendo, alguns estavam mesmo era tirando uma soneca, descansando da jornada que não é mole.
A única personalidade internacional que compareceu ao evento, atendendo a um convite meu, com sua Polaroid à tira colo, foi o mestre da Pop Art Andy Warhol. Como ele fotografou! Para todos que passavam diante dele, dizia: beautiful! ...só sei que ele saiu da festa com mais de duzentas fotos no bolso do paletó rosa-choque.
Teve de tudo, menos confusão. Estavam presentes as grandes atrizes do momento, as novas também, os atores, cantores das duas alas, socialites e os jornalistas que não podiam faltar, pois daquela festa muito havia do que se falar.
O local da festa não podia ser outro, se não Marius’Inn, tudo muito organizado e por incrível que pareça, não houve tumulto na chegada, nem na saída. O ambiente foi impecavelmente preparado para receber os distintos convidados, a ala do lado esquerdo acolhia os mais agitados, não precisando explicar que os plácidos se acomodaram do lado direito da casa.
A FESTA
Prontamente às 21h, adentrava ao recinto nada menos que o mais irreverente Abelardo Chacrinha Barbosa, chegou sozinho e logo perguntou se a Wanderléa já havia chegado. A resposta da host foi, ainda não. Senhor. Chacrinha foi levado para o lado direito e antes de sentar pediu logo uma água, alegou o calor como justificativa para tanta sede. Minutos depois chegou o Odair José acompanhado por Diana e Perla. Paulo Sérgio entrou timidamente, quando avistou Chacrinha foi direto ao encontro e ali permaneceu até o fim. Os curiosos na porta da casa, não sabiam o que estava acontecendo, mas queriam a todo custo ver o Chacrinha, principalmente.
O costureiro Clodovil queria uma explicação para o fato de não poder sentar ao lado de Elis Regina, mas teve que aceitar e ficou numa mesa com Elke Maravilha, Maria Alcina e Lady Francisco. Era de longe, a mesa mais alegre. Ao mesmo tempo, chegam Ibrahim Sued, Jardel Filho e Sandra Bréa. Recepcionados por uma moça da casa, que os encaminhou para o lado direito e falou educadamente para o colunista: “o senhor tem livre acesso para circular por todos os ambientes”. Ele insinua que vai sorrir e diz: it is all rigth, darling!
Sandra Bréa queria informação sobre Andy Warhol, se já havia chagado, se já tinha fotografado alguém... por último, pediu para ser avisada quando ele chegasse.
Com liberdade para circular, Ibrahim foi à mesa de Clodovil, querendo saber das senhoras da sociedade paulistana. Clodovil levantou-se para conversar, enquanto arrumava com as mãos, a lapela do jornalista. O costureiro reclamou da falta de mulheres bonitas na festa, mas foi logo tranqüilizado. Ibrahim lhe assegurou que elas viriam mais tarde. Tentou explicar que as cariocas têm mais que uma festa por noite.
De repente, chega uma locomotiva de cocadas. Acompanhadas do artista pop Andy Warhol, entram dando pinta, Ionita Salles Pinto, Marta Surerus, Angela Catramby, Carmem Mayrink Veiga, Odile, Sharlene Shorto, Noelza Guimarães e Gisela Amaral. Todos direcionaram os olhares para o grupo. Andy já havia sido informado previamente que também teria livre acesso para circular pelo local. Pediu para ser apresentado a Elis e Sandra Bréa, de quem dizia ser fã. Com a máquina na mão, foi conduzido ao lado direito, mesmo antes de ser apresentado, foi logo fazendo uma foto do Chacrinha. Quando viu o fotógrafo, Sandra logo se levantou, cumprimentando-o em inglês. Foram longos minutos de elogios mútuos. Quem estava daquele lado, ouviu quando ele falou que Sandra era a Marilyn Monroe brasileira. Uma moça que estava mais próxima dos dois, disse ter ouvido quando ele determinou que ela era a mulher mais bonita do Brasil. Mas não se sabe o porquê de ele ter dito a mesma coisa para todas as mulheres da festa. Diante de Elis, ele fez diferente. Pediu para ser fotografado com ela e lhe confidenciou que um amigo brasileiro envia todos os discos da cantora para sua residência em New York. Elis riu muito.
Com a badalação fervendo, ninguém percebeu que o Flavio Cavalcanti, o Evaldo Braga, o Jô Soares, Maria Claudia, Neuza Amaral, Vera Fischer e o Waldick Soriano já haviam chegado. Elegantemente bem vestido, Evaldo Braga foi se acomodando numa mesa próxima a de Chacrinha e convidou o apresentador Flávio Cavalcanti para sentar ao seu lado. Convite feito convite aceito. O bate papo solto, Flavio perguntou para Jardel se o Aérton Perlingeiro estava presente. Quando Jardel ia responder, chega por trás a Elis _que exigiu cumprimentar Flávio_ o que deixou-o muito feliz. Dizia o tempo todo: “ganhei a noite. A maior cantora do Brasil veio até mim”.
Jô Soares foi falar com Ibrahim, queria saber da Sílvia. Vera Fischer procurava por um lugar para sentar, quando Odair lhe mostrou uma mesa ao lado da sua. Todo de branco, incluindo o chapéu, Waldick se jogou numa mesa de canto e foi ladeado por Eliana Pittman e Claudia Barroso. Waldick queria saber quem era aquela figura branca de óculos que tirava retrato de todo mundo. Claudia nem havia percebido, mas Eliana explicou direitinho, deixando Waldick eriçado, querendo ser fotografado também.
Ibrahim, encostado no bar, anotava numa pequena caderneta suas impressões da festa. Queria eleger as dez mais elegantes da noite e pediu a opinião de um garçom que respondeu ligeiro: “não sei não. Senhor”. Ibrahim lamentou: “sorry, periferia”. Agnaldo Timóteo no instante em que cumprimenta Claudia, Eliana e Waldick, avista Ibrahim e segue na direção. Agnaldo imerso em jóias, fala com Ibrahim e diz: “vou te dar uma ajuda. Você tem que publicar! Faça uma lista das vinte e não das dez mais elegantes, e comece por Maria Claudia, depois a Elke. Veja que tetéia que ela está. ...de mulher bonita, eu entendo querido”. Continuou nas dicas dizendo mais: “e põe lá que o negão aqui, estava um luxo! Um luxo! ...e solteiro, é claro”. Ibrahim se divertiu com o bom humor de Agnaldo, saiu avisando que ia circular.“porque os cães ladram e a caravana passa. De leve”.
Quando tudo parecia caminhar para o fim, eis que chega acompanhado de três jovens, o indispensável Carlos Imperial. Ficou do lado direito, conversando com todo mundo. Mais um trio de beldades, dessa vez era o Pedrinho Aguinaga, com Rose di Primo e Maria João que chegavam para ofuscar geral.
Outra surpresa. Jece Valadão e Vera Gimenez com Mirian Pérsia e Leila Cravo à côtè. Foi demais para uma noite. Mirian e Leila entraram, enquanto o casal esperava na porta pela colega Darlene Glória, que demorou mas chegou. O público presente elogiou Darlene, juntos fizeram um brinde ao sucesso da atriz pelo prêmio conquistado recentemente em Berlin.
Já em ritmo de fim de festa, uma turma de jovens talentos posava visando a posteridade, a pedido da produtora de elenco Guta Matos. Aplaudidos pelos mais experientes, comumente sorriam na foto: Sandra Barsoti, Elizângela, Lucélia Santos, Angelina Muniz, Sílvia Salgado, Fátima Freire, Nádia Lippi, Tetê Pritzl, Cristina Mullins, Suzi Camacho, Mário Gomes, Mário Cardoso, Beth Goulart, Lídia Brondi, Glória Pires, Rosana Garcia, e Kadu Moliterno.
Mais uma foto para a posteridade, foi a vez do colunista da revista Amiga reunir uma turma e protestar pela seguridade artística da juventude do futuro. Com perfis variados, pousaram como estrelas: Nicole Puzzi, Helena Ramos, Aldine Muller, Sidney Magal, Dudu França, Miss Lene, Lúcia Alves, Mila Moreira, Suzana Queiroz, Cássia Foureaux, Gretchen, Sílvio Brito, José Luiz, Marcelo e Simone Carvalho.
Quando muita gente já tinha deixado a festa, abrindo espaços na casa, percebeu-se um pequeno contra-tempo, Andy Warhol havia perdido seus óculos e sem eles não poderia ir embora. Porém, um gentleman se aproxima do artista pop e diz: “sorry, lord. Aqui está o que tanto procuras”. Era o Ibrahim demonstrando solidariedade ao convidado especial. Mas houve quem dissesse que o colunista sabia muito bem o que estava fazendo. Não importa, saiu-se tudo muito bem.

E assim foi nossa festa (fictícia) de estréia do Blog. A partir de agora você tem um espaço para ficar sabendo mais sobre os anos setenta e sua gente. O foco parte do Panorama Popular da Música Brasileira, mas abrangerá os acontecimentos contemporâneos a cada sucesso. Este Blog conta com sua colaboração, para juntos descobrirmos o paradeiro de muita gente que sumiu, de músicas que ficaram escondidas na memória, de histórias importantes que muitos artistas viveram, mas que se perderam nos arquivos de revistas e TVs do país. Vamos rastrear os esconderijos dos baús que guardam fragmentos de uma geração que ainda não sabe exatamente o que fez, tamanha a riqueza de detalhes duma vida que viveu.
Vamos explorar também os anos oitenta, mas vale lembrar que o interesse maior do Blog, é o artista popular e sua música e quando falamos “popular”, referimos-nos aos grandes vendedores de discos, e aqueles que conquistaram o país com um mega sucesso como: Lindomar Castilho, Marcio Greyck, Odair José, Gilliard, Ângelo Máximo, Vanusa, Antonio Marcos, Jessé, Markinhos Moura, Patrícia, Hermes de Aquino, Lílian, Elizângela, Miss Lene, Sidney Magal, Benito di Paula, Perla, Ovelha, Almir Rogério, Carlos Santos, Carlos Alexandre, Paulo Sérgio, Evaldo Braga, Adriana, Rosemary, Biafra, Marcos Sabino, Kátia, Berenice Azambuja, Fernando Mendes, Reginaldo Rossi, Diana, Maria Alcina, Bianca, Bartô Galeno, Ricardo Braga, César Sampaio, Carmem Silva, Genival Santos, Luiz Gonzaga, Júlia Graciela e por aí vai. São muitos, portanto, vamos aos poucos.
Tem ainda, as duplas, os quartetos e os trios como: Harmony Cats, As Melindrosas, A Patotinha, Dominó, Ciclone, Balão Mágico, Abelhudos, Trem da Alegria, Los Angeles, Jane & Herondy e outros.
De todos os estados do Brasil surgiram grandes vendedores de discos. Vamos descobrir quem se tornou popular em cada estado. Como o Blog se propõe a explorar os artistas populares que a mídia chamam de “cafonas”, “bregas” e “populares”, não daremos maior relevância ao estilo sertanejo, forró, lambada, rock e MPB (nomenclatura que não faz muito sentido) apesar de alguns artistas estarem constantemente circulando entre os dois gêneros como fazem: Elba Ramalho, Fafá de Belém, Joana, Alcione, Emília Santiago, Fagner, Simone, Marina, entre outros.
O Blog respeita cada artista e também, o estilo que o mesmo escolhe para desenvolver sua carreira. Não apoiamos qualquer forma de preconceito com a expressão artística, ao contrário, reconhecemos a força da música e seu valor no tempo. Nos apoiamos no direito reservado da liberdade de falar, comentar e acima de tudo, respeitar o artista e sua obra. Esperamos que a sua colaboração seja de interesse mútuo e venha agregar informação e conhecimento aos demais visitantes e colaboradores. Este espaço é dedicado ao artista popular que fincou sua marca na história dos anos setenta e oitenta. Sejam todos, bem-vindos.
A todos citados e ilustrados com fotos, na festa fictícia. Meu muito obrigado. É uma singela homenagem pelo muito que vocês nos alegraram e ainda alegram. Aos já falecidos, minha gratidão a família e pedidos de compreensão. Aos fotógrafos, meu pedido de desculpas por não citar os vossos nomes, mas credito aqui as extintas revistas Fatos e Fotos, Amiga, Manchete, Sétimo Céu, Intervalo, Revista do Rádio e Cartaz, das quais reproduzi as imagens que ilustram este assunto e outras matérias que aparecerão no blog.

Josué Ribeiro
autor

Relembre a estreia de Ricardo Braga e a opiniäo de Roberto Carlos em 28/05/1978

A estreia da cantora Katia em 1978 cantando Tão So

Mate a saudade de Nara Leao cantando Além do Horizonte em 1978

1 em cada 5 Brasileiro preferia o THE FEVERS 26/11/1978

Elizangela canta Pertinho de Você no Fantástico em 1978

Glória Pires e Lauro Corona cantam Joao e Maria

CLA BRASIL E MARINÊS

DOCUMENTÁRIO SOBRE EVALDO BRAGA / 3 PARTES - ASSISTA NA ÍNTEGRA

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